Nos dias preguiçosos em que nos deixávamos cair dentro de nós, a música era toda bolhas cheias de notas afinadas. Queríamos dançar muito, noite fora, dia dentro, como se mais nada bastasse para preencher o espaço que restava em nós. Nos dias da luz, onde víamos pássaros, a ténue liberdade dos gestos era toda a serenidade forçada do desejo. Nos dias das flores murchas, em que nos sentávamos nos parapeitos frios, no ar riscávamos palavras e os olhos fechavam sem medo do escuro.
Como poderíamos ter passado despercebidos se os nossos corpos ocupavam o mundo todo conhecido pelos mortais?
Filipa Rodrigues
4 comentários:
Lindo.
Forte e denso como gosto...
Vindo de alguém que escreve de uma forma tão luminosa, só me posso sentir lisonjeada. Obrigada!!
Parabéns Filipa,
Acho que é um orgulho para todos nós.
Obrigada.
Um beijinho,
Mónica Correia
Obrigada eu, Mónica,
um grande beijinho!!
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