quinta-feira, 17 de maio de 2007
O Pedreiro
(Foto de Vertigo)
Penso no olhar velho do meu pai
e desenho uma rua.
Removo a pedra, o pó e o rio do
caminho.
Deito a chuva na sombra
com as pequenas ervas
e ao meio-dia
espremo da testa o sol,
dou à pedra a força, à flor o meu grito
e ao semblante o horizonte.
O apito e o arroto
leva o farrapo branco à boca.
A pensar no olhar velho do meu pai
esfrego as mãos na ferramenta
e bato na terra.
Numa berma assobia a morte
Na outra canta a vida.
A pensar no olhar velho do meu pai
Desenho o seu destino.
Ana Maria Costa
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