terça-feira, 18 de setembro de 2007
Mulher da Vida
(Foto: autor desconhecido)
Levanta mulher da vida
Tá na hora do trabalho
Hora de voltar pra lida
De quem rala pra caralho
Te acusam de vida fácil
Falam mal do teu ofício
Fonte de prazer portátil
Que abastece todo vício
Quem te vê rodar bolsinha
Na rua da Meretriz
Duvido que adivinha
Do que escapou por um triz
Porque te perseguem mais
Do que à tua perseguida
Cafetão sempre quer mais
Policia cobra a batida
Navalha na carne dói
Por isso não beija a boca
O preconceito corrói
Contudo, lhe tira a roupa
Te xingam de vagabunda
Mulher perdida, rameira!
Quem não olha a própria bunda
Quer te botar na cadeia
Mulher que dá sem vontade
Te iguala na profissão
Quem dá por necessidade
Não entra em contradição
Se fosse universitária
Ou garota de programa
Já não seria gentalha
E muito menos piranha
Fosse dona de bordéu
Não daria a tua buceta
Não viverias ao léu
Mendigando por gorjeta
Seria até respeitado
O teu estabelecimento
Não venderia fiado
Nem faria abatimento
Políticos e juízes
Comeriam na tua mão
Não haveriam deslizes
E nem ordem de prisão
Mas quem milita na zona
Pelo pão de cada dia
Só usa roupa cafona
E não goza regalia
Se a nossa sociedade
Não fosse tão desumana
Riria da falsidade
Não te poria na lama
Mas quem come a tua carne
Cospe o prato em que comeu
E depois não faz alarde
Nem conta que te fodeu
Vai chegando sorrateiro
Olhando sempre pro lado
Paga a conta do puteiro
E sai de lá abaixado
Vaca, Vadia. Biscate
Michê, Quenga, Pistoleira
Vigarista, Vadia, Puta...
Mulher à-toa?...
Qual o quê!
De todos os apelidos
Que pintam voce tão feia
O melhor que tenho lido
É o que te chama guerreira
Quer saber?...
Se durou mais de mil anos
E é a profissão mais antiga
Peço licença aos arcanjos
Vida longa às raparigas!
Denilson Neves
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Um comentário:
Filipa, a ideia de publicar poesia inédita foi magnífica e a espera pela sua leitura borbulha curiosa!
Adorei o poema do Denilson!!!
Ao lê-lo ressoaram sentimentos diversos, passa uma mensagem íntegra de justiça, de coragem, de reprovação...
Bela poesia de palavras despidas de cortesia!
Adorei Denilson!
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