acentuações mais intimas
sente como a beleza acenta
nas acentuações mais intimas
de rimas que intersectas soltas
num efusivo explodir de erupção
onde o poema começa largas
um balão da mão duma criança
sem que ela chore pois repara
súbito incêndio de luz: o Sol
como essa criança delicio-me
na abundância de alma na mala
onde guardo a bagagem de lama
repetindo prazer que aqui chama
cada incandescência inflamada
nestas conversões duma fé acesa
onde também converto quem siga
o horizonte pelas palavras presente
observo na concha dos poemas
onde colecciono madrepérola
do magnifico movimento celeste
duma colorida aurora boreal
quanto ao real versus realidade
verso versos neste latim latido
do fundo da memória-mundo
onde a língua fala a Língua
muda enquanto escrevo mudo
para que o silêncio dê moldura
ao que farás vibrar na tua voz
se a seguir tentares interpretar
o calor da palavra inebriada
pela liberdade de poder viver
como a fala fala do que é falar
mesmo enquanto mudo mudo
até nos juntarmos no destino
onde ambos começámos a ser
duas hipóteses distintas agora
unidos numa enorme síntese
quem sente o poema lê outro
que ele mesmo é ao descobrir
os sonhos dentro das palavras
prontos a acordar na leitura
não temos outro leito para ir
da nascente em direcção à foz
onde o poema acaba recuperas
um balão na mão duma criança
Francisco Coimbra
Um comentário:
Francisco Coimbra
um convite para fazerem
parte do meu Blog,
Roberto Rizzo
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