Lançamento da Antologia Poética "Amante das Leituras"

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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

"Pequenas luzes absorviam o que restava da escuridão"

(Foto: autor desconhecido)

de Paulo Themudo, in "Os olhos espelham"



01

Ah, como é chegado o momento
sem tempo de mais ser do
que o silêncio puro,
envolto de nudez
no seu manto de dedos,
nascentes de rios
correndo lábios de céus.
Ah! Silêncio que explodes
em mil e mais cores
nas gotas suadas,
numas peles que já só sentem
que eternidade não é o tempo.
É o infinito no momento
que se incendeia por dentro
e renova de luzes
o fogo do firmamento...

02

tal qual vela
silenciosa
roubadora de silêncios
e da pouca claridade que ainda resta
ali
num canto do coração
como se a se esgueirar
de fino
pela fresta

e ainda [na penumbra]
executar canção


03

a)
somos olhos fechados dançando
num abraço embalado
na música

com o teu aroma
e meu amor

imaginei este poema assim

b)

os teus braços rodearam-me
ergui-te pela cintura
para um beijo

com o nosso amor
e foi romã

esse sabor de lábios-frutos

c)

escorre aqui um sabor bom
do que a imaginação
dá da memória

com o seu poder
e arte sã

nu nó onde nós nus somos

d)

vendo o universo luzente
absorver as luzes
e restar...

da escuridão
a noite

com o calor tépido abraço

e)

numa dança para encher
o próprio destino
bailo ainda

o que se pode dizer
com o corpo

transportado às palavras


04

o meu corpo parecia perdido
que luzes eram sois
pequenos nos meus olhos.

05

amanhecia, no mais longe
onde a vista alcançava

de lá, pouco a pouco,
iam se aproximando
os contornos

a relação entre as coisas
estava prestes a acontecer:

"pequenas luzes absorviam
o que restava da escuridão"

06

Por um tule tecido de evidências
encerra-se a fronteira da vontade,
o desejo, absorvido de oportunidade,
escorre da fronteira desse ínfimo espaço,
que medeia a transparência, de ser
não estar, não se ver, adivinhar,
querer, sempre adiado, o abraço

apesar de continuar na escuridão.
as formas são deleites, absorvem
a explosão dos luzeiros que fenecem

por puro prazer.

acontecer é o gesto adiado,
frenético e febril.
uma luz a explodir
na antevisão do que escurece

ah! delicioso tormento
apetece antecipar:
aparece, desaparece,
­ – não parece – é… movimento!



Índice de autores:

01 – Carlos Luanda
02 – Eliana Mora
03 – Assim
04 – Ana Maria Costa
05 – Sónia Regina
06 – Luís Monteiro da Cunha

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