de Carlos Luanda, in " O Mar"
01
Quando vens mar,
rio.
Quando vens córrego,
sigo.
Se és regato,
canto.
Quando és Atlântico-
ó força espantosa
que escora meu cio,
meus anseios,
orgasmos
e desvarios -
“cresço em maré
quando mergulhas
em mim”.
02
Recebo-te de braços abertos
para que me possuas
sobre as rochas
plantadas sob meus pés.
Vens assim,
agitado espumante
pigmentas minh'alma
e sentes meu gosto
de destino
Envolves-me em tuas águas
festejando o encontro ritmado
Dos braços – toques, das pernas – abraços
da pele dos poros – arrepios
Vens, cresço em maré,
ao receber-te em mim
mar, mar atlântico!
03
Altivo e voluntarioso. é
fogueira que alimenta
o fogo: assim, ao pé,
mesmo por essa mão;
que acariciando
promessas suaviza,
desliza. cede a seda,
desnudando contornos,
perante os flamantes olhos
faiscantes, sentidos ocultos
de esguios, corpos unos
aturdidos instantes
04
cresce a maré e o vento do mar
corre a linha do rego da areia
grão a grão
no mergulho segredo sabor marinho
verde azul branco sopro espuma
saciando o silêncio desejo
que conserva em si de a possuir
e ela bebe...beija...bebe
a salgada aventura de o sentir
05
Na ponta de uma corda
que construo com as flores,
em dança noturna
eu te desenho
e, numa estratégia da água
da alma, te deixo entrar.
Minha pele abre-se em aves,
quando mergulho em ti;
cresces, em maré,
danças comigo o poema
até que as mãos toquem
o chão. E sejam.
E agarrem a vida em forma de areia.
Índice de autores:
01 – Maria Limeira
02 – Andréa Motta
03 – Luís Monteiro da Cunha
04 – Ísis
05 – Sónia Regina
Nenhum comentário:
Postar um comentário