Lançamento da Antologia Poética "Amante das Leituras"

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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Circulo sem Circunferência em pérola



(Foto de Audrey Hepburn, autor desconhecido)


talvez a língua carnuda e lenta, carnuda e rápida

em circulos sem circunfêrencias azuis na pérola

talvez a mais pequena esfera na subtil tranquilidade total

da minha língua, tento esfregar os olhos na água, fechar

a esfera dos olhos mel negro , paisagem do mar no coração

em silex cavalo e égua densos onde o fraco é forte e o forte

paisagem e casas baixas e jardins , nos beijos construídos

em cada segredo , em tuas faces de rosa, em teu cabelo de

vento quero fluir a primavera em todo o meu corpo, levito

como um pequeno castelo onde te espero na arrábida, feliz

muito na flor da felicidade dos grandes dias, já nada é fumo

virtual, tudo é lucidez ardente num pequeno escritório, os

seios nas mãos e a procura da pérola , desejaria que o dia fosse

tão longo como a vida na sua ordem triunfante, beijo-te no

espumante, cavalgar e perceber tudo o que a ânsia alcança

amo-te e perpassa o desejo, nos teus cintilantes contornos

desejo-te na coluna tranquila e serei na nudez a alegria do lobo

ó delicia do norte, quero o teu sul no meu sul aéreo fogo,loba

bebo o teu néctar, faminta negrinha o sabor de uma fonte onde

ainda não saciei a minha sede pura metáfora do secreto dedo,

da mãointeira. Penso na pérola no circulo sem circunferência

do cavalo o seu cilindro molhado aproxima o teu corpo nu levemente

começa por modelar onde quero correr os campos no teu cavalo

em cadência irregular, quero entrar profundamente suave

até que o espumante te inunda, as unhas cereja se escrevem como

um punho , a mão assenta nas nádegas no fulgor sentido

no adágio das vinhas, o que ondula inquieta, vento do

coração em pérola, a erva crescente os contornos infinitos


José Gil

Um comentário:

Filipa Rodrigues disse...

Caro José Gil,

com ou sem explicação teórica o seu poema fez-me pensar na Audrey Hepburn... talvez porque é nela que uma simples pérola ganha vida para além da que já contém, e é nela também que o espumante me parece ouro líquido.

Agradeço o poema, agradeço o gesto pronto e aqui fica um beijo meu.