Lançamento da Antologia Poética "Amante das Leituras"

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terça-feira, 12 de junho de 2007

"Sobre o silêncio do poeta há sempre uma pira que o sol acende."


de Maria João, in análise do "Verso náufrago"



01

No silêncio das horas mortas
Imaginação abre as comportas
O poeta pira!


02

A pira que o sol acende
verte sombras
e o silêncio é mais
do que o poeta diz
quando adormece.


03

Não queres mais transformar o mundo,
a rebeldia da juventude cedeu lugar
à mudez da vigília.

Remanesce em ti a imaginação fértil
e a viola que dedilhas
sentado numa poltrona surrada.

04

Silêncio!
Há vozes que se retraem
com medo da vida...
Sofrências que isolam,
num arrastar de correntes,
lágrimas em ponto-de-cruz...

Coroas de espinho,
enfileiradas para a via crucis.

Por que sofro,
se nada tenho com isso?


05

Sobre Suu Ky a luz da Birmânia
sem a tensão cativa, soberana de
todos os dedos e olhos compacta
habitação plena da banda larga
a casa encantada de Epimeteu


06

... o poeta não silencia, pensa, sofre, amedronta, denuncia,
ri do que vê, incomoda,
incendeia tal como sol resplandecente em céu límpido, azul,
tão puro, em harmonia,

quando se não comporta, sagaz, quase matreiro,
como chama incandescente,
persegue continuamente qualquer ideia presente,
quando a tem, quando a sente,
matuta, barafusta,
revira-a com presteza,
primeiro,
dá-lhe a volta quando a contorna, sente-a como imenso vespeiro,
alheado,
pouco se importa,
depois de ter a certeza
coloca-a no papel como pira que o Sol acende,
num instante, num repente,

faz tremer todo o Mundo, abala alicerces bem fortes,
sobe ao cimo da montanha,
em silêncio, queda mudo perante vidas, sortes,
náufrago num oceano de enganos,
nos remos que não apanha dum barco à deriva
sente-se dono de tudo,

perdido como fantasma rasga o corpo, afaga a alma,
agiganta-se como um Deus
nos espaços que são seus,
interiores não guardados lança versos como farrapos,
rimas que choram às vezes,
canta hinos, melodias,
semeia dores, dá alegrias, sonha traços que são revezes,
destinos inimagináveis,
bocados bem agradáveis,

silêncios que o Sol atiça na pira dum pensamento
poeta que denuncia,
clama com muita chama o que sente, o que o inflama,
também renega ausência, prostração
mente vazia,
intensa solidão... junto de quem mais ama,
permanente inquietação!!!...


07

A 15 graus, mesmo que a ternura
recubra a planície e no céu um poço
azul convide ao mergulho, eu recuso:
faz frio e o cigarro queima sem aquecer.

O sol não me dirige um raio,
e se oculta no silêncio do poeta.
Eu, fico aqui cismando sobre
a "pira que o sol acende"...

08

Sobre o poeta sempre arde
uma pira conhecida e desejada
faz-se Sol que acende a noite
consome trago a trago
o silêncio que inflama
a trajectória do termo



09

nu
S
no
para onde ir,
para onde
vamos?
...

numa única linha, um verso?
o poema inteiro.!.
(cavalo de cobrição)

numa única linha
(poema inteiro)
uma única linha inteiramente
verso:
numa única linha uma única linha
inteira é verdadeira
(vai fundo...)

a manhã amanhece
o poema aqui
ao sol
que
já nasceu
agora mesmo
(o poema inteiro)


10

Mas eis que incendeio o pó.
E o cheiro a ossos queima as linhas
e as certezas do futuro.
Sou o princípio antes da descoberta.
A negação do fim.
Mais que o desejo,
sei que em fogo,
sou o proto-embrião
do incerto e do Sempre.
Dou-te o nascer duma ideia.
De corpo e sangue
de ser e sexo
de palavra e poema.
Destas mãos que suspeitas
muito antes que elas existam,
não posso querer que as apertes.
Aperta as tuas e o teu querer
sou eu em chamas
que tu de ti
na minha negação inflamas

Indice de autores:

01 – Denilson Neves
02 – Maria José Limeira
03 – Andréa Motta
04 – Belvedere Bruno
05 – José Gil
06 – Manuel Xarepe
07 – Sonia Regina
08 – Luis Monteiro da Cunha
09 – Francisco Coimbra
10 – Carlos Luanda



Comentário do Moderador:

Ex que a chama se acende
na pira do sentimento,
faz-se poesia
transcende
o momento
e inflama o nosso dia

Obrigado amigos
jinhos e abraços

Luís

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